Se pensarmos no desenvolvimento normal de uma criança, vamos ver que entre ela e seus pais se estabelece uma relação dialética entre o desejo dela e o desejo deles. Desejo para o ser humano, é a própria manifestação da busca da auto-suficiência e da imortalidade, uma vez constatada sua fragilidade.
A criança é frágil, depende dos pais para sua alimentação e todas as outras necessidades básicas de sua vida. No aspecto psíquico, é na relação com os pais que a criança vai se experimentando, colocando no mundo a expressão de sua ação e seu desejo. Para os pais, o filho representa a sua própria continuidade.
Uma relação de boa qualidade envolve adultos capazes de entrar em contato com as próprias expectativas e ansiedades no que se refere à criança, valorizá-la, colocar-lhes limites, vivendo junto com ela o seu cotidiano de descobertas. Essa relação permitirá que a criança vá se fortalecendo e adquirindo a autonomia e desenvolvimento necessário e esperado a medida que cresce. A criança é frágil, depende dos pais para sua alimentação e todas as outras necessidades básicas de sua vida. No aspecto psíquico, é na relação com os pais que a criança vai se experimentando, colocando no mundo a expressão de sua ação e seu desejo. Para os pais, o filho representa a sua própria continuidade.
Já com a criança portadora de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, alguns fatores podem dificultar uma relação de boa qualidade. Por fatores neurobiológicos, muitas vezes, elas apresentam dificuldade de reconhecer e expressar o seu próprio desejo.
Os pais, as vezes, pela sensação de frustração de suas expectativas ao constatarem a deficiência da criança, se não souberem lidar com essa situação e com esses sentimentos, correm o risco de abandona-la a sua própria sorte. Ou então por culpa, criam um esquema de superproteção. Nos dois casos, vão estar deixando de investir no filho. Ou seja, a expectativa dos adultos influenciam a criança. Se os pais não esperam nada, a criança não tem nada que dar em troca.
A atuação do Terapeuta Ocupacional com crianças com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor enfoca, principalmente a melhora e competência nas áreas do desenvolvimento neuropsicomotor e auxiliar a família no manejo com a criança.
A prática de Terapia Ocupacional necessita ser adequada para cada criança, ou seja, individualizada. Deve ser percebida em seus aspectos físicos, sensoriais, cognitivos, emocionais e sociais. O Terapeuta Ocupacional deve estar familiarizado com as etapas do desenvolvimento humano, suas seqüências, funções e habilidades e assim relacionar com as necessidades da criança no contexto saúde e disfunção.
No processo terapêutico, a estimulação deve acontecer sempre, em todos os contatos e encontros. Devemos observar também que o ambiente e uma situação diferente para a criança, altera o seu funcionamento normal. Outro aspecto importante é a freqüência e continuidade das avaliações para se adequar a condução, direção do processo terapêutico ocupacional e o registro de suas evoluções.
Para verificar a eletividade de uma criança para um trabalho de Terapia Ocupacional, faz-se a anamnese. O profissional entrevista o responsável pela criança para investigar sobre o histórico pré, peri e pós natal e o motivo de buscar tal atendimento, observando a criança na realização de atividades, identificando a situação sócio-econômica e culturais da família.
Após faz-se a avaliação. A avaliação de crianças com atraso de desenvolvimento neuropsicomotor é realizada através da observação e aplicações de testes, roteiros (padronizados ou não), para identificar os aspectos que estão impedindo um desenvolvimento satisfatório.
A seguir ocorre a interpretação dos dados para identificar as capacidades e as necessidades da criança., elabora-se o plano de tratamento e orienta-se a família quanto as condutas que devem ser seguidas.
É esse o papel transformador do profissional. Ajudar a criança com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor a descobrir, manter e desenvolver sua linguagem própria, o que vai lhe permitir dominar o ambiente e ser feliz.
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